segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

SERMÃO DE MÃE PRETA

Cheiro doce e sangue amargo,  mais uma  perna preta o Engenho tragou,  inhame, babosa, cravo e canela, o moleque guentou firme a dor da cura, despois, tadinho, amuou. 

A mãe costurou um calção vermeio sangue, e jogou-lhe no peito,  num criei minino-homi pra ser  cuitadinho. A perna que ficou lhe basta, Deus dá duas, justo para o causo de se perder uma. 

Vai zarelhar no pasto, trança as crina dos cavalo, faz  queimá as comida na panela da sinhá. Vá moleque, levante já, tome aqui o pito do vô  pro cê pitá,  vá ter com a mata, treina entrar e sair,  aprende das ervas de bem e de mal,  assusta os besta que se perde nos mato, dá uns trote bem dado  nos marintensionado embrenhado nas picadas, imita os passarinho, os rugido de onça, o sapo rachado.

 Gira livre feito um vento alevantando a poeira do terreiro, pro povo sabe que ocê é o mestre-minino da danadice e da zombação.

Trecho da obra Monteiro Lobato 
Fala logo que perdeu a perna na capoeira, pra  ninguém mangar de tu. Sua senda sempre foi atazaná,  se safa das peneira e das garrafas,  depois de véio engana até a morte, se vira em orelha de pau, aquieta grudadin num tronco, que a mata há de lhe acolher. 

Agora vai danado, vai traquiná. 

Making-off 

O Saci Pererê, só é o Saci, porque a mãe dele é a mãe dele. 

Não é porque eu vi que existe e não é porque eu não vi que não existe

o Seo Lobato, era eugenista de carteirinha, e racista de plantão, ponto muito negativo para ele por isso.

Ilustração edição de luxo 1964- Monteiro Lobato      
 

 

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