sábado, 22 de agosto de 2020

MOÇA DA ESTRADA

O causo é que  a vontade de passar a madrugada acalentado por formosa morena  fez o cabra engastalhar o caminhão no barro até as tampas.  

Toda a chuva do juízo final fora derramada naquelas paragens,  no retrovisor enlameado reluziu uma luz azul.

Um caminhão emparelhou, Fique sereno seu moço que vou lhe tirar desse cortado, sorriu a Moça Caminhoneira.

Ajude aqui menino a prender o cabo, vem ligeiro antes que o mundo se acaba em água e noite sem lua.

Diquejeitoquifoi, ninguém sabe, ninguém viu.

Encontro co senhor, ali no posto mais adiante, engatou marcha , e arrancou em trovoada. 

Na duvidança, o desatolado tentou acompanhar, mas a Dona da Noite não largou rastro patraís. 

Ancorado no posto perguntou por ela, Fio do céu, o rapaz do posto mostrou o recorte de jornal desbotado,  o cabra confirmou em desalento. 

Foi trombada feia por essas bandas, diz que de quando em quando a Moça socorre os companheiros de estrada, e depois vorta avuando pro lado de lá, coisa mai linda que já passou aqui nessa lonjura de mundo, pense moço um caminhão, carregado de estrela caía,  tudinho iluminado de azur, caquela morenona no piloto, coisa mai linda.  


Não é porque eu não vi que não existe,  e não é porque eu vi que existe.

Making-Off 

1ª da Série  Assombração Empoderada - Blog da Encardida 2020 

Descaradamente inspirada no Lado B - Moça Caminhoneira - (Carlos Cézar e José Fortuna)  do LP Os Cowboys Andarilhos - Carlos Cézar e Cristiano -  1982

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

TINHOSA

 Êita palavra tinhosa, ferramenta do pensamento escorregadio, passano ligeira,  amassadinha no trem, esparrama pelos trilhos, nem aporta na estação. 

Quijeitoqui o Poeta faz para verter esse combinamento de palavra bonita, que orna uma ca outra, virada em escrita, tudo ali, feito caminho de formiga bêbada, tinta deslizada no papel? 

Iquenhequisabe, se ele chama no samba e elas chegam em cachoeira, será que dasveiz  minguam ao esplendor sol”?  


Vemnimim palavra que orna, apurrinha meu sono também, baixa na sopa de letrinha, faz manha na borra do café, vem no formato de apocalipse, do jeito que ocê quisé.

Transborda em história de beira de estrada, visita o pra lá do acostamento, e torna em causo de assombração, prosa de caipira,  ou história pra boi dormir. Só vemnimim. 

 

Making-off : Humilde homenagem ao mestre dos magos das palavras Paulo César Pinheiro que vi  na TV Cultura um dia desses.