Diz que chapado até umas horas o cara levantou cambaleante e entre palavrões e chutes fechou a bosta da torneira do banheiro, bastou para começar os pingamentos no chuveiro. Puta que pariu, só fechando o registro.
Ancorada no batente da porta, a Loira estava curiosa com as pinturas na pele do moço.
Como você chama? Maria Augusta, e sua graça qual é? Ricardo André, ao seu dispor, emendou ao doce galanteio, um recatado pedido de licença para vomitar no vaso.
Dormiu abraçadinho na privada, e a beldade ectoplasmática evaporou-se.
O motoqueiro afiou os ouvidos para o pinga-pinga da torneira, mas não carecia, um cheiro de flor precedia a chegada da misteriosa.
A cada aparição, a loiruda permitia mais ousadia rapaz.
Uma noite dessas ele lhe tirou delicadamente os algodões das narinas, antes de beijar os lábios cor de rosa.
Diz que a do cabelo dourado deixou-se seduzir pelo o motoqueiro malvadão.
Se a Ossuda do Seo Saramago se apaixonou em As Intermitências da Morte, a Loira do Banheiro não ficaria de ficar patráis?
Pintura - Maria Augusta de oliveira Museu Conselheiro Rodrigues Alves |
nos idos de 1900. Era a rebelde filha de um Barão do café de Guaratinguetá, que fugiu de um casamento arranjado com um tiozão, e foi curtir a vida adoidado em Paris, de onde só voltou mortinha.
Não o se sabe o que a teria ceifado, contam que a linda assombração procurava por água, por causa que desidratou de tempo que demorou para ir para o tumbalo, o que explica o pingar das torneiras.
Diz a lenda que ela passou a assombrar o casarão onde vivia a família, e quando o casarão foi virado em escola, ela não se intimidou, e tacou é fogo em tudo.
Ao mistério que é por excelência um mutante insondável, mesclaram-se outras lendas ... Já ouvi até que a Loira é ruiva.
Não é porque eu vi que existe, e não é porque eu não vi que não existe.
FONTES Livro História e Memória da Escola Complementar de Guaratinguetá (1906-1913), de Debora Maria Nogueira Corbage; site G1; blog Fontes Primárias no Vale do Paraíba